A vida em família nos livros

Não existe nada mais satisfatório do que encontrar a solução para os seus problemas, questionamentos e reflexões nos livros. É, essencialmente, como um velho amigo que te entende, aconselha e te representa.

Na vida em família não é diferente: pais e mães estão, diariamente, se deparando com fases, marcos de desenvolvimento, reflexões e questionamentos sobre educação, além dos livros infantis que dizem pros nossos filhos tudo o que a gente ainda não consegue.

Deixo aqui, dois dos lançamentos mais legais dos últimos meses, para estimular pais e mães a irem mais fundo em suas reflexões.

 

Por que ter filhos? Uma mãe explora a verdade sobre a criação de filhos e a felicidade, de Jessica Valenti (Memória Visual, 2018)

Quando eu li Por que ter filhos? (no original), em 2012, fiquei absolutamente impactada pelas palavras da escritora e feminista Jessica Valenti. Ela, mãe de primeira viagem teve complicações no meio de sua gestação, o que culminou em um parto prematuro e outros problemas de saúde decorrentes dessas complicações. Mãe e filha.

Jessica se indigna com quem pinta a maternidade com aquela tinta cor de rosa que é tão irreal. Diz que ninguém a alertou das dificuldades, dos problemas que poderiam acontecer. Nós mães acabamos aprendendo na marra tudo sobre depressão pós parto, os medos, as inseguranças, a falta de habilidade. As pessoas dizem que quando engravidamos, nasce uma mãe dentro de nós e, só depois que nossos bebês nascem, a gente aprende que não é bem assim.

Oras, se a maternidade está fazendo as pessoas infelizes, se é impossível ter tudo nessa vida, se as pessoas não possuem estruturas econômica, social e política necessárias para endossar a maternidade, então por que ter filhos? Por que existe uma horda de pais e mães de primeira viagem que estão correndo para as “mães-tigre” e “mães francesas” atrás de conselhos sobre como criar seus filhos?
Em “Por que ter filhos?”, a escritora Jessica Valenti explora essas controversas questões através de uma pesquisa profunda, além da sua própria experiência catártica como mãe. Ela vai muito além dos conceitos enraizados da atualidade como a falta de sororidade entre as mães, o julgamento inconsequente, a maternidade consciente, maneiras de disciplinar e o equilíbrio complexo entre a carreira e a vida para investigar uma nuance muito mais aproximada da realidade. Uma realidade que é cheia de ambivalências, de sentimentos como felicidade, culpa e exaustão.

 

 

Abrace seu filho. Como a criação com afeto mudou a história de um pai, de Thiago Queiroz (BelasLetras, 2018)

A primeira vez que eu ouvi falar em criação com apego, disciplina positiva e comunicação não-violenta foi no seu grupo do Facebook “Criação com apego”. É dele também um dos primeiros blogs sobre paternidade ativa, o “Paizinho vírgula”.  E o livro dele é mais um sucesso na arte de declarar amor desmedido pelo os filhos.

Thiago diz: “Quando atendemos às necessidades dos nossos filhos, estamos ajudando-os a formar uma relação de confiança. Quando o bebê nasce, o mundo é simplesmente muito grande e assustador para ele, que estava acostumado a ficar naquele lugar protegido, quentinho, apertadinho e aconchegante, também conhecido como útero da mãe.

Então, por exemplo, sempre que o bebê chora e nós atendemos às necessidades dele, sejam elas fome, sono, ou qualquer outra coisa, ajudamos esses pequenos bebês a construir imagens mentais e ligações para cada tipo de necessidade e choro que eles tenham com uma resposta nossa.

Quanto mais nós respondemos de forma consistente às necessidades deles, mais eles se sentem seguros no mundo e, consequentemente, mais confiam em nós”.

Estamos sempre ouvindo que não devemos dar colo demais, mimar, fazer a vontade dos nossos filhos. Este livro vai por outro caminho. Como o amor pelos filhos e a disciplina positiva mudaram a história de um homem. E de como ela pode mudar a sua também, se você abrir os braços para seus filhos. Todas as vezes que você abraça seu filho, você se cura um pouco. Todas as vezes que você abraça seu filho, você é abraçado de volta.

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